domingo, 29 de julho de 2012

OLIMPÍADAS DE LONDRES SÃO EXEMPLO DE SUSTENTABILIDADE

Conheça as obras urbanas e arquitetônicas das Olimpíadas de 2012 e entenda como a capital inglesa se preparou para receber, pela terceira vez, o maior evento esportivo do mundo

Eric Moniz

O mundo já está de olho nas Olimpíadas de 2012, que começaram oficialmente na última sexta-feira, com uma linda e iluminada cerimônia que agitou Londres, a cidade sede dos jogos. A capital inglesa se preparou para receber as Olimpíadas com a austeridade e a pontualidade britânica de sempre e mostrou, mais uma vez, apesar de algumas críticas, que a Inglaterra é exemplo de organização, conhecimento e trabalho.

Em tempos difíceis para a economia europeia, não faltaram esforços para que a cidade economizasse na execução das obras olímpicas. O Parque Olímpico de Londres foi erguido por meio de um planejamento urbano e de projetos arquitetônicos que buscaram sustentabilidade de várias formas. O jeito inglês de preparar os jogos olímpicos demonstra a inteligência de um povo tradicional e de primeiro mundo, que já recebeu os jogos em 1908 e em 1948.

Ser anfitriã de um megaevento esportivo é motivo de orgulho e comemoração para uma cidade, pois ele oferece a ela uma grande oportunidade de melhorar a qualidade de vida de sua população. Com a visibilidade mundial e o incentivo turístico gerados pelo evento e as necessárias melhorias de infraestrutura, uma cidade olímpica pode garantir um bom legado e melhorar sua economia e o bem-estar dos cidadãos.

Londres dá todos os indícios de ter se planejado corretamente para aproveitar essa oportunidade. Uma das maiores razões disso é o projeto do Parque Olímpico, que teve como intenção aproveitar as instalações olímpicas já existentes para recuperar uma área degradada da cidade, tornando-a uma nova área verde, recheada de atrativos culturais e de lazer.

O local escolhido para sua implantação se localiza no bairro Stratford, nas margens do Rio Lea, na zona leste de Londres. A área era uma antiga área industrial poluída, degradada e que precisava de revitalização. Já no início da limpeza do bairro e do rio, em 2005, para as obras do parque, o lugar começou a receber em seu entorno novos estabelecimentos comerciais, visando ao evento de 2012, o que iniciou o processo de sua transformação. A maior parte das obras do parque foi concluída há um ano, quando ele já passou a ser visitado e logo virou um ponto turístico. O projeto prevê que, após o evento, ele se torne o Parque Rainha Elizabeth, que será preparado para oferecer atrativos voltados às famílias inglesas e aos turistas.

A maioria das competições irá acontecer no Parque Olímpico, onde se concentram as principais instalações esportivas dos jogos. Elas foram construídas para serem obras sustentáveis, de custos reduzidos e com previsão de reaproveitamento e de reciclagem de materiais. Muitas das obras são construções provisórias, que serão desmontadas e reutilizadas em outros locais do Reino Unido. As que são fixas foram projetadas para serem adaptadas, após as Olimpíadas, aos novos usos de lazer do parque. Alguns materiais que constituem as estruturas das obras foram produzidos em indústrias próximas à área do parque, o que reduziu custos com o transporte e fez com que o trânsito da cidade fosse menos impactado.

Mapa do Parque Olímpico de Londres (Imagem: Reprodução)

O projeto do Parque Olímpico contou com o apoio dos moradores de Stratford, que relataram suas necessidades e fizeram questionamentos aos projetistas. As edificações são futuristas e têm a assinatura de arquitetos renomados internacionalmente. Em sua concepção, os arquitetos se preocuparam com detalhes mínimos, como a intensidade do vento de direção contrária que impacta os atletas no velódromo e a intensidade de luminosidade do estádio, para garantir ao telespectador uma visibilidade confortável, em transmissão digital.

As principais obras do Parque Olímpico são:

Estádio Olímpico
Palco das cerimônias e das competições de atletismo. Foi projetado pela empresa Populous e construído com uma estrutura econômica, flexível, compacta, leve e ambientalmente correta (aço 75% mais leve, concreto de baixo carbono e anel superior feito de sobras de tubos de gás reciclados). O desnível do terreno foi aproveitado para a concepção das arquibancadas, o que reduziu custos com estrutura. Cinco pontes dão acesso ao estádio, que é cercado por rios. Ele continuará sendo utilizado para esportes e eventos culturais após os jogos, porém terá parte de sua arquibancada desmontada.

Centro Aquático
Abriga as piscinas e as instalações de apoio para as competições de natação, nado sincronizado e saltos ornamentais. A responsável por ele é a grande arquiteta Zaha Hadid, que o projetou na belíssima forma de uma arraia. Sua parte intenra também surpreende, pelo design limpo e o teto em formato de onda. Depois das Olimpíadas, o Centro Aquático terá suas asas removidas e será transformado em um clube, que servirá para treinamento de nadadores.

Velódromo
Local das competições de ciclismo de pista. Foi considerada a obra mais sustentável do parque, por utilizar madeira certificada e ter ventilação e iluminação naturais otimizadas, o que reduz custos energéticos e o impacto ao meio ambiente. Nessa edificação, não foi preciso utilizar ar condicionado. Sua forma arquitetônica é muito bonita. Após os jogos, se tornará um clube esportivo de ciclismo e ganhará uma nova estrutura comercial de apoio.

Orbit
É uma torre de observação feita de aço, de onde é possível visualizar todo o parque e alguns espaços de Londres. Foi concebida pelos artistas Anish Kapoor e Cecil Balmond, que projetaram uma forma desconstruída em relação à forma de uma torre tradicional, reta.

Arena de Basquete
Onde ocorrerão os jogos de basquete e handebol. É um dos maiores locais temporários construídos para as Olimpíadas. A arena será retirada do parque após o evento e suas peças serão aproveitadas em outros espaços.

Arena de Pólo Aquático
Abrigará o pólo aquático em uma estrutura provisória, que será desmontada após os jogos e terá suas peças reutilizadas em outros lugares.

Caixa de Cobre
Local que abrigará competições de handebol, esgrima e pentathlon moderno. A edificação se destaca pela fachada toda revestida por cobre e mantém relação interior e exterior, em sua entrada, por meio de paredes de vidro. Depois das Olimpíadas, se tornará um espaço multiuso para eventos e esportes, com uma infraestrurura mais familiar, para que os visitantes se apropriem do local.

Vila Olímpica
Conjunto de edifícios que abriga os mais de 15 mil atletas que participam dos jogos. Após o evento, o empreendimento será transformado em um conjunto habitacional com mais de 2.800 apartamentos destinados à população de baixa renda.

Para economizar, Londres aproveita instalações esportivas existentes em outros locais da cidade para realizar as competições olímpicas. Wimbledon, que é a casa do tênis na capital londrina, é um desses locais. As melhorias urbanas, como a reforma de estações e a implantação de linhas de metrô, por exemplo, foram realizadas aos poucos. Cada centavo foi controlado e poupado nas obras, que custaram exatamente o orçamento previsto: mais de R$ 27 bilhões.

Mesmo com toda essa economia, as construções demonstram ser da melhor qualidade. A pontualidade da entrega das obras permitiu que houvesse tempo para correções e garantiu mais qualidade ao parque. Eventos-teste aconteceram desde 2011 nas instalações, para que os erros fossem detectados.

Foi realizado um concurso em duas etapas para a escolha dos melhores projetos para as partes norte e sul do Parque Rainha Elizabeth. Os vencedores atendem à demanda de adequação e transformação dos espaços olímpicos em locais públicos agradáveis e dinâmicos e preparam a Londres do futuro, que certamente será próspera.

Projeto vencedor do concurso para implantação da parte sul do Parque Rainha Elizabeth (Imagem: Site Concursos de Projeto)

Projeto vencedor do concurso para implantação da parte sul do Parque Rainha Elizabeth
(Imagem: Site Concursos de Projeto)

Projeto vencedor do concurso para implantação da parte norte do Parque Rainha Elizabeth   (Imagem: Site Concursos de Projeto)

Daqui a pouco, os olhares do mundo se voltarão para o Brasil – mais precisamente para o Rio de Janeiro, que sediará as Olimpíadas de 2016. Por isso, há muito trabalho pela frente. Vamos torcer!

quarta-feira, 25 de julho de 2012

O "CARA" DO HORÁRIO NOBRE

Com menos de dez anos de carreira, João Emanuel Carneiro já é um dos grandes nomes da teledramaturgia nacional

Fernando Nardy

"Oi, oi, oi"! Esse som se repete todas as noites, em milhões de lares brasileiros, durante os capítulos da novela Avenida Brasil. O atual folhetim das 21h, da Globo, é um dos maiores fenômenos da TV brasileira deste século. Nas redes sociais, a comoção é grande; nas ruas e no trabalho, quase todo mundo comenta sobre as surpresas da trama. Até quem não é muito acostumado a ver novela está se rendendo ao ritmo alucinante de Avenida.

Na última semana, quando chegou ao capítulo de número 100, cenas muito esperadas pelo público foram ao ar. A vilã Carminha (Adriana Esteves), finalmente, descobriu que Nina e Rita (Débora Falabella) são a mesma pessoa. Isso vai desencadear uma série de reviravoltas, garantindo que a história fique cada vez mais instigante!

Fazia tempo que uma novela não "pegava" desse jeito! E isso não parece ser novidade na carreira do jovem autor João Emanuel Carneiro, que escreve Avenida Brasil. Carioca de 42 anos, esta é apenas a quinta vez que ele assina uma trama como autor principal. Os telespectadores conheceram o trabalho de João Emanuel em 2004, em Da Cor do Pecado, exibida na faixa das 19h. Dois anos depois, Cobras e Lagartos, outro sucesso das 7 da noite, firmou o autor como grande promessa da teledramaturgia nacional. A consagração, entretanto, veio em 2008, com A Favorita, no horário das 21h. A promoção para o horário nobre decorreu do fato de que suas duas novelas anteriores foram consideradas as de maior sucesso da década, entre todas as exibidas às 19h. Em 2010, João debutou no campo das séries, escrevendo A Cura, cuja duração foi de dois meses.

Será que existe receita para todos esses sucessivos êxitos? Parece estar muito claro que, no caso de João Emanuel Carneiro, a questão é muito mais relativa ao talento do que à sorte. Não é preciso ser nenhum gênio para constatar que um dos segredos do autor é princípio básico, mas que nem sempre é considerado: o respeito ao público, à inteligência de quem está do outro lado da tela. Trocando em miúdos, João não enrola nas tramas da história, o enredo se desenvolve em velocidade alucinante, não há espaço para "encheção de linguiça". Os telespectadores são convidados a vibrar com tudo o que acontece na novela e, portanto, percebem que sua inteligência não está sendo subestimada.

Foto: Reprodução

Outro fator que pode ajudar a explicar o estrondoso sucesso é a diversidade de gêneros presentes nas criações do autor. Pensemos em Avenida Brasil: suspense, drama, comédia, histórias de amor, relações humanas... Tudo isso pode ser encontrado na novela. É uma obra completa, que contempla todas as faces necessárias. Assim, o negócio não fica chato, sem doses de emoção e suspense; não fica bobo e parado, por causa de cenas "água com açúcar"; e não fica caricaturado, por excessiva quantidade de personagens metidos a fazer graça. Tudo é dosado, equilibrado, resultando num produto agradável, que prende a atenção (e o ar também, pois em alguns capítulos não dá nem para respirar direito).

O elenco também é outro ponto forte! Quando se trata de novelas escritas por João Emanuel, por mais que o tempo passe, atuações memoráveis não saem da cabeça. Momento flashback: em Da Cor do Pecado, todo mundo se lembra da hilária Família Sardinha, formada pela "Mamuska" (Rosi Campos) e seus cinco "filhotinhos" (Caio Blat, Cauã Reymond, Leonardo Brício, Pedro Neschling e Reynaldo Gianecchini). Na mesma novela, o divertidíssimo Pai Helinho (Matheus Nachtergaele) arrancou risadas do público. Em A Favorita, a atuação de ouro ficou por conta de Patrícia Pillar, que deu vida à perversa Flora, uma das vilãs mais bem trabalhadas de todos os tempos. Agora, em Avenida Brasil, fica difícil destacar alguém, pois o elenco todo está impecável, cada um a seu modo. Mas, para não passar em branco, vou elogiar Adriana Esteves, que está reinando com sua Carminha, e também o quarteto formado por Cadinho (Alexandre Borges), Verônica (Débora Bloch), Noêmia (Camila Morgado) e Alexia (Carolina Ferraz), simplesmente sensacional!

O Brasil é celeiro de grandes novelistas! Dias Gomes, Janete Clair, Ivani Ribeiro, Gilberto Braga, Sílvio de Abreu, Glória Perez, Manoel Carlos e vários outros. Ninguém duvida da competência deles. Mas, no caso de João Emanuel Carneiro, parece haver algo diferente, especial: uma cumplicidade com quem assiste e, consequentemente, enorme empatia. O melhor de tudo é saber que João está apenas no início de sua carreira. Assim, nós, um povo tão apaixonado por novela, teremos ainda muitas oportunidades de ficarmos viciados nesse produto tão importante da cultura nacional.

terça-feira, 24 de julho de 2012

BASQUETE DE VERDADE

Em dois anos, técnico Rubén Magnano transforma bando de jogadores em time. Basquete brasileiro é candidato a medalha em Londres

Daniel Leite

Às vésperas dos Jogos Olímpicos, o basquete masculino está entre as modalidades que mais criam expectativa entre os brasileiros. Longe do maior evento esportivo há 16 anos, a seleção comandada pelo argentino Rubén Magnano chega a Londres com a confiança de quem, em um ciclo olímpico, derrubou seu complexo de inferioridade. Em 2006, o Brasil era um bando desorganizado de jogadores e foi 19º colocado do Mundial. Hoje, é uma equipe coesa e séria candidata a medalha olímpica.

Desde 2010 com Magnano, campeão olímpico pela Argentina em Atenas, o Brasil abandonou a cultura do basquete meramente arremessador (fundada por Oscar Schmidt), que não tinha senso coletivo de ataque e aplicação na defesa. O ex-protagonista Marcelinho Machado, cuja especialidade são os arremessos de três pontos, virou apenas role player, aquele jogador que fica em quadra por poucos minutos para executar uma determinada tarefa. Bons defensores, como Alex Garcia, têm mais espaço.

Além de mudar a postura em quadra, Magnano é um excelente administrador de grupo. Apesar de sofrer pressão para não chamar Nenê e Leandrinho, que decidiram não defender a seleção no pré-olímpico do ano passado, o argentino fez questão de convocá-los porque sabe que a chance de medalha passa necessariamente por um elenco completo, rico em boas opções. As Olimpíadas nem começaram, e todo mundo já sabe que ele acertou. Sem frescura, o time é forte e desfruta um ótimo ambiente.

O argentino Rubén Magnano revolucionou o basquete brasileiro (Foto: Jefferson Bernardes/Vipcomm)

Outro ponto positivo é a presença de um armador de primeiro nível. O Brasil não depende mais de Nezinho ou Valtinho. Marcelinho Huertas, do Barcelona, é respeitado em nível mundial. Depois do amistoso contra os Estados Unidos, em que teve atuação excepcional, ele foi obrigado a responder aos jornalistas “por que não está na NBA”. Capitão da seleção, Huertas é tecnicamente ótimo, costuma tomar decisões certas e melhorou demais nos últimos anos. É o jogador mais importante para a equipe.

No entanto, o maior mérito do elenco em relação a outras seleções é a força do garrafão. A Espanha, com Serge Ibaka e os irmãos Gasol, é o único time dos Jogos Olímpicos que talvez supere o Brasil na área pintada da quadra. A rotação entre Tiago Splitter, Nenê e Anderson Varejão garante defesa implacável, vantagem nos rebotes sobre quase todos os oponentes e uma opção importante de ataque.

A seleção de Magnano ocupa o terceiro escalão de favoritos, abaixo de Estados Unidos e Espanha e rigorosamente ao lado de seleções como Argentina, Rússia, França e Lituânia, para as quais perderia facilmente anos atrás. A medalha de bronze é um objetivo bem realista, mas a competitividade demonstrada nos amistosos permite a esse grupo sonhar em qualquer partida. Em tão pouco tempo, trata-se de uma das maiores evoluções da história do esporte coletivo brasileiro.

O Brasil está no Grupo B dos Jogos, ao lado de Espanha, Rússia, Austrália, China e Grã-Bretanha, e estreia no próximo domingo, diante dos australianos.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

MÃE NATUREZA

Mateus dos Santos

Desde que pisa sobre a Terra, o ser humano cultua, venera, adora, observa, contempla e teme a Mãe Natureza. Para alguns povos e suas crenças filosóficas e teológicas, a divindade está presente em cada planta, animal e mesmo no sol, na lua, nas estrelas, no trovão, nas águas de um rio, lago ou mar. Seja como for, dá para não reconhecer a supremacia e perfeição das maravilhas naturais que nos cercam?

Quando os problemas da vida se tornam pesados e extenuantes demais, recorremos à sombra de uma árvore, numa área verde qualquer, para relaxar e aliviar o estresse.

Para se exercitar, que academia pode ser melhor para pedalar, correr ou simplesmente caminhar, do que um parque repleto de árvores frondosas, flores abundantes e lagos de água cristalina?

Existe algo melhor do que deixar um pouco de lado os ruídos das buzinas ensurdecedoras dos veículos da cidade grande, bem como a poluição desses automóveis, para se dedicar a ouvir o canto dos pássaros num lugar tranquilo e repleto de ar puro?

Às vezes, fico a imaginar que histórias nossas árvores centenárias e milenares contariam para nós. Diante delas, podemos constatar ao menos uma coisa: o quão efêmera é nossa vida, em relação à desses seres grandiosos e dignos de nosso profundo respeito e admiração. Que, a meu ver, são os mais representativos de nossa Mãe Natureza.

Fim de tarde no Parque Ecológico e Cultural Gilberto Ruegger Ometto, em Araras/SP (Foto: Mateus dos Santos)

sábado, 21 de julho de 2012

ATENÇÃO AOS RÓTULOS!

A leitura dos itens presentes no rótulo dos alimentos é de extrema importância para fazermos as melhores escolhas

Ludmila Riani

Quando estamos na missão de fazer a compra da semana ou do mês, deparamo-nos com inúmeros tipos de alimentos à nossa disposição. São embalagens que nos trazem informações como “enriquecido com cálcio”, “não contém glúten”, “não contém colesterol”, entre outros. Quanto mais coloridas e bonitas, mais elas nos chamam a atenção. Então, vem a seguinte dúvida: em meio a uma variedade de produtos, qual eu devo escolher?

Itens presentes no rótulo:
-Lista de ingredientes utilizados para a elaboração do produto;
-Origem do produto, indicando sua procedência;
-Prazo de validade. É importante atentar-se para esse item, pois algumas datas de validade se alteram a partir da abertura da embalagem;
-Conteúdo liquido, ou seja, a quantidade em gramas ou mililitros do produto;
-Lote, que é o número utilizado pela produção para o controle dos produtos.

O importante para fazer a escolha mais saudável é recorrer à informação nutricional. Mais do que calorias, ela traz os nutrientes presentes naquele alimento: macronutrientes, isto é, carboidratos, proteínas e lipídios (gorduras); e micronutrientes, que são as vitaminas e minerais, além da quantidade de fibras.

Na informação nutricional, 10 itens são obrigatórios: valor calórico, carboidratos, proteínas, gorduras totais, gorduras saturadas, colesterol, fibra alimentar, cálcio, ferro e sódio.


Porém, deve-se ter atenção, pois nem toda informação nutricional se refere ao conteúdo total da embalagem. Em geral, informa-se ao consumidor a quantidade presente em determinada porção, sendo que esta vem sempre em “medidas caseiras”: 1 copo (200mL), 2 fatias (50g) etc. No caso do pão de forma, alguns trazem os dados por fatia, outros por 1 e ½ fatias e, ainda, 2 fatias. Aí, torna-se de extrema importância a comparação entre os rótulos em que a informação nutricional seja referente à mesma quantidade de produto, em gramas ou mililitros.

Outra característica da informação nutricional é apresentar a porcentagem dos valores diários de referência. Esse valor indica, em percentual, quanto o produto apresenta de energia e nutrientes em relação a uma dieta de 2.000kcal – a porcentagem que será contemplada por meio da ingestão do produto.  Porém, a necessidade de cada pessoa é peculiar, e nem sempre uma dieta de 2.000kcal será adequada. Cada caso é avaliado de forma individual pelo nutricionista.


Alguns alimentos não precisam trazer a informação nutricional, como bebidas alcoólicas, especiarias, águas minerais e demais águas envasadas para consumo humano, vinagres, sal, café, erva-mate, chás e outras ervas sem adição de leite ou açúcar; alimentos preparados e embalados em restaurantes e estabelecimentos comerciais prontos para consumo, como musse, pudim e salada de frutas; produtos fracionados nos pontos de venda a varejo, comercializados como pré-medidos: queijos, salame, presunto; frutas, vegetais e carnes in natura, refrigerados e congelados.

Portadores de determinadas patologias devem sempre atentar aos seguintes itens:
-Os diabéticos devem preferir alimentos com menos carboidrato;
-Os dislipidêmicos (que possuem colesterol total, LDL e triglicerídeos altos ou o HDL baixo) optam pelos isentos de colesterol, gorduras saturadas e trans;
-Os hipertensos preocupam-se com a quantidade de sódio, que deve ser baixa nos produtos escolhidos;
-Os celíacos optam por aqueles que “não contêm glúten”;
-Os intolerantes à lactose escolhem alimentos isentos desse nutriente.

Existem algumas “pegadinhas” nos rótulos. A mais comum está presente nos óleos vegetais, com a frase: “Não contém colesterol”. Ressalta-se aqui que todo alimento de origem vegetal é isento de colesterol, gordura esta presente apenas em alimentos de origem animal.


Alerta-se também para a presença ou não da gordura trans. Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) comparou a informação nutricional com a lista dos ingredientes em 2.327 embalagens de alimentos.

Metade deles tinha, entre os ingredientes, algum composto com gordura trans, mas apenas 18% traziam um número maior do que zero na tabela nutricional. Isso porque, na legislação referente à rotulagem dos alimentos, a gordura trans só “existe” para a tabela nutricional quando ultrapassa 0,2g na porção indicada pelo fabricante. Logo, um biscoito feito com gordura vegetal hidrogenada, cuja porção sugerida seja de 30 gramas (o que às vezes equivale a 2,5 biscoitos), tem sempre o “zero trans” na tabela.

Assim, quem lê apenas a tabela nutricional pode comer cinco ou 10 biscoitos, sem saber que está ingerindo gordura trans. Por isso, é bom evitar os alimentos que, por natureza, contêm esse nutriente: biscoitos recheados, massas folhadas, bolos, coberturas, sorvetes, salgadinhos prontos, frituras, entre outros.


Então, na hora da escolha, faça-a de forma consciente! Leia o rótulo! E evite comprar alimentos deletérios à saúde.

Fontes:

sexta-feira, 20 de julho de 2012

REMAKE: A ARTE DE REVIVER E REINVENTAR

Vale a pena ver, fazer e viver de novo. Relembre os grandes remakes produzidos na telinha

Eric Moniz

A palavra remake, que vem do inglês, traduzida ao pé da letra para o português quer dizer refazer. Na teledramaturgia brasileira, remake é mais do que o verbo traduzido, é um termo que caracteriza a releitura de uma obra. E essa releitura não é apenas uma reprodução, é a arte de recriar e reinventar, com os traços e as tecnologias da época em que a obra está sendo elaborada novamente. O sucesso dos remakes é grande na TV brasileira, sobretudo na TV Globo, onde a teledramaturgia é forte e as novelas são paixão nacional e internacional.


Eu, que sou extremamente nostálgico, saudosista e retrospectivo, aprovo a produção dos remakes. Vejo essa produção como uma oportunidade de conhecer as obras antigas que fizeram sucesso. Releituras são importantes, não só na TV, mas também na música, no teatro e no cinema. Você concorda que novas versões de músicas são estimulantes, de peças de teatro são interessantes, de filmes costumam não ser muito boas e de novelas são, na maioria das vezes, um sucesso?

Da década de 1990 para cá, a produção de remakes na TV brasileira vem crescendo cada vez mais. E o sucesso obtido em cada produção incentiva a elaboração de outras. Mas por que repetir as histórias do passado? Seria por falta de criatividade ou dificuldade dos autores contemporâneos em produzir histórias originais de sucesso? Talvez não. Até porque um remake dificilmente é uma reprodução totalmente fiel à obra original.

Um autor convocado para reescrever uma trama deve exercer sua criatividade para adaptar a obra à nova época e aproveitar os recursos tecnológicos existentes para a produção de uma nova versão, o que deve ser muito mais trabalhoso do que inventar a sua própria história. Os remakes servem para reviver grandes sucessos e também para homenageá-los. É uma maneira nostálgica e emocionante de fazer televisão. Uma característica interessante das obras recriadas é a atemporalidade que elas têm. Elas se mostram atuais até hoje.

Atualmente estão no ar os remakes de Gabriela, na TV Globo; de Carrossel, no SBT; e de Rebelde, na TV Record. A novela Gabriela foi escolhida para ser regravada e homenagear o autor Jorge Amado, que escreveu o livro no qual a trama é baseada. Ela entrou no horário das onze, em uma nova aposta de atração da Globo, que tem o objetivo de condensar novelas de sucesso no tamanho de minissérie. É uma nova maneira de produzir remakes que está na segunda tentativa e começou com O Astro (2011), que não deu muito certo e pareceu uma trama solta, com acontecimentos estranhos vindos do nada. Gabriela é mais sólida, suave e divertida, e sua produção é praticamente perfeita.


Carrossel é a maior aposta do SBT em teledramaturgia nos últimos tempos. É a versão brasileira do grande sucesso mexicano que foi reprisado inúmeras vezes pela emissora. Apesar de a produção poder ser melhor, com cenários externos reais e mais amplos, a novela já é um sucesso entre a molecada e é uma ótima opção de programa para a família.


Algumas novelas remakes da Globo fizeram até mais sucesso do que suas versões originais. Foi assim com A Gata Comeu (1985), Mulheres de Areia (1993) e A Viagem (1994), que, coincidentemente, são de autoria de Ivani Ribeiro e tiveram suas primeiras versões exibidas pela extinta TV Tupi, em meados da década de 1970. Eles fizeram tanto sucesso que foram reprisados mais de uma vez no Vale a Pena Ver de Novo.

Realmente, valeu muito a pena rever as cômicas brigas de Jô Penteado (Christiane Torloni) e Fábio Coutinho (Nuno Leal Maia), as cenas antológicas das gêmeas Ruth e Raquel (Glória Pires) e o romance de várias encarnações de Dinah Toledo (Christiane Torloni) e Otávio Jordão (Antônio Fagundes). Esses remakes exemplificam a importância de se resgatar uma trama do passado e de refazê-la a fim de mostrar a história a uma nova geração, de maneira diferente.

A Gata Comeu e Mulheres de Areia certamente puderam ser mais livres, provocantes e ágeis em suas novas versões, tendo em vista o novo momento social e político que já se vivia a partir de 1985. As gêmeas Ruth e Raquel, vividas por uma única atriz, puderam se encontrar e se enfrentar melhor graças aos efeitos especiais modernos que duplicaram a Glória Pires com excelência e permitiram cenas desse tipo em frente ao espelho, bem como a famosa cena do tapa de Ruth na cara de Raquel.


O mesmo aconteceu com os efeitos especiais dos espíritos de A Viagem, que puderam aparecer com opacidade diminuída e atravessar móveis e paredes com facilidade. Em sua nova versão, A Viagem também explorou novos conceitos da época, como o da cura através de métodos alternativos. O fato de o espiritismo ser mais aceito e mais bem entendido em 1994 provavelmente também colaborou com o sucesso da novela.


Selva de Pedra (1986), Irmãos Coragem (1995) e Ciranda de Pedra (2008) são remakes globais que podem ser apontados como os que não deram muito certo e não conseguiram alcançar nem o sucesso de suas versões originais. Segundo depoimentos de quem assistiu às duas exibições de Selva de Pedra, a segunda, com Fernanda Torres e Tony Ramos, nem se compara à primeira (1972), com Regina Duarte e Francisco Cuoco.

Irmãos Coragem, que foi escrita originalmente pela mesma autora de Selva de Pedra, a grande novelista Janete Clair, foi um pouco infeliz em sua segunda versão por ter atuações menos intensas em relação à primeira (1970). A segunda exibição de Ciranda de Pedra foi um fracasso porque teve uma história extremamente dramática, confusa e chata. Poucas pessoas aguentaram a sisuda personagem da Ana Paula Arósio.

Benedito Ruy Barbosa, autor de ótimas novelas bucólicas e baseadas em características específicas de contextos de diferentes épocas, teve algumas felizes recriações na TV Globo, as quais, inclusive, foram reescritas ou revisadas por ele mesmo. Cabocla (2004), Sinhá Moça (2006) e Paraíso (2009) repetiram o sucesso de suas versões originais com seus remakes exibidos no horário das seis, o que mais recebe essas produções.


Também nesse horário, os telespectadores puderam conferir o remake de Anjo Mau (1997), sucesso original de Cassiano Gabus Mendes e reescrito por Maria Adelaide Amaral; Pecado Capital (1998), que é de Janete Clair e foi reescrita por Glória Perez; e O Cravo e a Rosa (2000), que na verdade é uma versão escrita por Walcyr Carrasco baseada em mais de uma trama.



Na TV Globo, além do remake de A Viagem, o horário das sete também acomodou o de Ti-Ti-Ti (2010), que deu muito certo e pode ser considerado o remake mais fiel à primeira versão na emissora. Tudo, até detalhes como a abertura e a trilha sonora, foi nostalgicamente recriado com fidelidade, mas também com modernidade, como se fosse uma remasterização. Isso se deve a pouca distância de tempo e contexto em relação à primeira versão, que foi exibida 25 anos antes da segunda. Esse remake fez ressurgir a história de uma geração que ainda está ativamente presente na contemporaneidade. Isso é tão verdadeiro que muitos dos atores da primeira versão trabalharam na segunda. Mas nada disso fez com que a novela deixasse de adquirir os traços e os contextos da atualidade.



O mesmo deve acontecer com Guerra dos Sexos, sucesso de Silvio de Abreu e Carlos Lombardi, de 1983, que volta neste ano no horário das sete, em um remake escrito pelo mesmo Silvio de Abreu da versão original, prometendo muita diversão.

Recriar uma história é recordar, e recordar é viver. Imagine se fosse possível reinventar a história de sua própria vida! Uma remodelação feita de época em época com uma nova roupagem, modernidade, mais agilidade e com novas histórias, características e contextos agregados. Seria, no mínimo, interessante.

Para quem prefere manter as coisas exatamente como foram, os remakes não devem funcionar. Ainda bem que a TV brasileira, tão condenada pelos “pseudocults” que julgam seus telespectadores como alienados, não para e que nela, quase sempre, existe uma teledramaturgia com programação variada e de qualidade.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

MINAS GERAIS

Fernando Nardy

MINAS GERAIS. Para além da geografia, um estado de espírito. Distante do mar, e daí? Terra dos belos, dos horizontes, dos claros montes, de muitos santos e até de corações. Lugar de gente boa, amiga, hospitaleira e tranquila. O verde das montanhas, o azul dos céus, o colorido das comidas no fogão à lenha. Pão de queijo, torresmo, tropeiro e cachaça. Tradição, história, arte e cultura. Berço de gênios, homens e mulheres que marcaram época. Drummond, Pelé, Santos Dumont, Chico Xavier, Aleijadinho, JK, Tiradentes, Guimarães Rosa, Fernando Sabino, Darcy Ribeiro, Milton Nascimento, Telê Santana, Ziraldo, Ivo Pitanguy, Betinho, Zuzu Angel... Ufa! Mineiro é assim mesmo, chega de mansinho e, quando vê, já conquistou o mundo! Não é à toa que até seres de outros planetas quiseram conhecer. Afinal, as mulheres mais belas estão ali. A maria-fumaça apita e pede licença para passar. A jovem, com sorriso tímido, desfila nas ruas de pedra. O menino, de olhar muito puro, solta pipa na pracinha. Minas acolhe também quem não é seu filho legítimo, mas o é de coração. Difícil é viver longe daquele perfume. Ser brasileiro é bom! Só que ser mineiro é "bão dimais da conta, sô".

terça-feira, 17 de julho de 2012

CULTURA DE MALANDRAGEM

Paixão pelo protagonismo e péssima orientação destroem arbitragem brasileira

Daniel Leite

Certa vez, o jornalista inglês Tim Vickery, correspondente da BBC na América do Sul, questionou o então árbitro Leonardo Gaciba sobre o excesso de faltas marcadas no futebol brasileiro. Ainda que more no Rio de Janeiro há quase duas décadas, Vickery vem de uma cultura futebolística que se habituou a tolerar mais o contato. Na Inglaterra, você vê uma falta a cada quatro minutos e, portanto, um jogo mais agradável, sem interrupções desnecessárias. No Brasil, o intervalo médio entre infrações cai para pouco mais de dois minutos. Daí a curiosidade do jornalista.

A resposta foi chocante. Atualmente comentarista, Gaciba admitiu que os árbitros brasileiros se comportam como camaleões, que precisam se adaptar a diferentes cenários. Em nível doméstico, eles são orientados a marcar muitas faltas porque jogadores, técnicos e parte da imprensa demandam isso. Assim, a mal administrada comissão de arbitragem da CBF entra na dança. Em competições internacionais, de acordo com Gaciba, os árbitros mudam a postura e apitam menos faltas.

Um personagem clássico desse processo é o pior brasileiro do quadro da FIFA, o fluminense Marcelo de Lima Henrique. Em partidas domésticas, Marcelo adora atrair as atenções, especialmente com expulsões sem nexo e pênaltis que apenas ele vê. Escalado para a primeira partida da semifinal da Copa Libertadores entre Santos e Corinthians, o árbitro mudou seu estilo na ocasião e, mesmo com a expulsão do corintiano Emerson, foi perfeito. Ele evitou aparecer e cumpriu o verdadeiro papel do árbitro, o de mediador.

A última rodada do Campeonato Brasileiro foi reflexo da vergonhosa política nacional de arbitragem. Naturalmente, a proliferação das chamadas faltinhas implica alto número de cartões. Houve três expulsões absurdas: Juan, em Inter X Santos; Luiz Antônio, em Bahia X Flamengo; e Werley, em Atlético Mineiro X Grêmio. A cereja desse bolo foi o pênalti muito mal marcado em Ibson, do Flamengo. Ibson, o mesmo que cavou pênalti na quinta rodada, contra o Santos, e virou um expoente da "cultura de malandragem".

É pênalti! O alagoano Francisco Carlos do Nascimento embarcou no teatro de Ibson (Foto: Divulgação/Fla Imagem)

Além de inventar faltas para travar o jogo e aumentar a média de gols (há quem considere que isso favorece o “espetáculo”; penso o oposto), a arbitragem brasileira tem peculiaridades subjetivas, que você percebe com certa malícia. Por algum motivo, times que estão em vantagem no placar tendem a ser prejudicados por uma decisão estúpida do árbitro ou de seus auxiliares, que têm interferido equivocadamente em várias marcações. Para piorar, existe a famosa lei da compensação. Quando é avisado de um erro, o árbitro costuma, à primeira oportunidade, anulá-lo com outro equívoco.

Tão clara quanto o prejuízo à qualidade do jogo, que às vezes fica insuportável, é a perigosa proteção a jogadores que se atiram com frequência. Neymar sabe que, no Brasil, tentar ficar em pé não vale a pena, pois a queda quase sempre é recompensada. O resultado é um vício que pode prejudicar sua carreira em outros contextos de competição, como o futebol europeu e partidas pela seleção.

É evidente que a arbitragem precisa ser profissionalizada, mas a mudança mais urgente é uma nova cartilha para os homens do apito. Mal orientados, os árbitros brasileiros são os piores entre as grandes ligas do mundo.

domingo, 15 de julho de 2012

EM NOME DE ALÁ

Na Nigéria, cristãos têm sofrido nas mãos do Boko Haram, grupo radical que busca impor a chamada “vontade de Deus” a toda a nação africana

Mateus dos Santos

No último Natal, a seita islâmica Boko Haram assombrou participantes de cultos religiosos cristãos na Nigéria, país mais populoso da África, com 160 milhões de habitantes e mais de 200 grupos étnicos!


Os ataques realizados pelo grupo – cujo nome significa, no idioma hause, “a educação ocidental é pecaminosa” – têm sido cada vez mais sangrentos e já mataram mais de mil pessoas desde sua fundação, em 2002. Seu objetivo é implementar, em toda a nação, a Sharia – código de leis do Islamismo baseadas no Corão, seu livro sagrado, e aplicadas em sociedades muçulmanas onde não há separação entre religião e Estado.

No dia 25 de dezembro de 2010, uma série de explosões em Jos, no centro do país, já havia massacrado 32 pessoas e deixado 74 feridas. Já no Natal de 2011, um ataque a bomba durante a missa numa igreja católica próxima à capital, Abuja, deixou ao menos 40 mortos e vários feridos. Mais tarde, outra explosão, em Jos, matou um policial. Quatro pessoas morreram em outros dois atentados suicidas, no mesmo dia, em Damaturu, no norte, e muitos ficaram feridos em nova explosão, dessa vez em Gadaka, no nordeste.  

Cenário de destruição após tentado em igreja na Nigéria (Foto: Reprodução)

Há cerca de um mês, o papa Bento XVI pediu a “cessação imediata” da violência contra os cristãos da Nigéria e “para que os envolvidos no conflito não sigam o caminho da vingança, mas cooperem na formação de uma sociedade pacífica e reconciliada, onde esteja garantido o direito de professar livremente sua própria fé”. 

As palavras do bispo de Roma sobre o “caminho da vingança” fazem sentido, pois a esses ataques seguem-se novas cenas de violência, protagonizadas por cristãos que revidam os atentados, bloqueando ruas, tirando muçulmanos à força de carros e motos e matando-os. 

O padre Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, classificou os atos como “horríveis e inaceitáveis” e cobrou “ações eficazes contra o terrorismo”. 

As repressões militares feitas pelas forças de segurança nigerianas e a declaração de estado de emergência em algumas áreas ainda não conseguiram conter essa onda de violência, que se concentra no norte do país, de maioria muçulmana. No sul, predominam os cristãos (católicos e protestantes). 

O direito de professar livremente a própria fé, conforme disse o papa, deve ser garantido a todos. Isso, infelizmente, acaba por ser um obstáculo onde vigora a Sharia. Nos países em que ela está presente, um muçulmano não pode, por exemplo, converter-se a outra crença, o que configura traição ao país. Quem comete tal “crime” pode ser até mesmo condenado à morte.

Protesto realizado em frente ao hotel em que o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad se hospedou durante a Rio+20, em junho deste ano, na capital fluminense (Foto: Reprodução/VEJA.com)

O pastor em questão, condenado à forca por ter se convertido ao Cristianismo, está preso desde 2009 e aguarda decisão do Líder da Revolução do Irã, o aiatolá Ali Khamenei – autoridade máxima no país  (Foto: Reprodução/VEJA.com)

Por essas e outras, vemos que não há como o estado laico – o melhor modelo para uma nação democrática – existir onde, primeiramente, nem democracia há.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

COMO MANTER UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL NO INVERNO?

Nesta época, nosso corpo está com o metabolismo acelerado e gasta mais energia para desempenhar as atividades cotidianas e manter sua temperatura corporal. Ou seja, o momento é ideal para iniciar uma alimentação equilibrada, que pode, inclusive, resultar em perda de peso.

Ludmila Riani

Desde o dia 21 de junho, estamos na estação mais fria do ano, o inverno. Com ele, vem o desespero dos que buscam uma alimentação mais saudável, bem como a perda de peso. Obedecendo ao resultado da enquete que fizemos a respeito do assunto que os leitores gostariam de ler aqui no blog, neste mês, esta matéria busca auxiliar quem quer manter uma alimentação equilibrada mesmo em baixas temperaturas.

Engana-se aquele que acha impossível manter uma alimentação saudável e equilibrada sob temperaturas mais frias. O que se vê, no inverno, é a louca vontade de comer chocolate, caldos e pratos mais pesados contrastando com a enorme dificuldade em manter a ingestão de frutas e hortaliças.

A grande dica para as noites de inverno é investir nas sopas e caldos. Como exemplos, temos: Caldo de Abóbora Moranga, Caldo Verde, Sopa de Legumes com Carne ou Frango e Sopa de Macarrão com Legumes e Carne ou Frango.

Para quem se assustou ao ver o Caldo Verde na lista, composto por batatas e couve picada, e as sopas com macarrão, o segredo é simples: não se pode misturar mais de um cereal na mesma preparação! Se você optar pela batata, não poderá usar o macarrão ou o arroz (para os que gostam de canja). Se fizermos a escolha por um deles e o utilizarmos na quantidade certa, não haverá prejuízos na dieta.


Vale escolher quaisquer tipos de hortaliças para incrementar os caldos: couve, abóbora, abobrinha, chuchu, couve-flor, brócolis, repolho, tomate, espinafre, beterraba, cenoura e vagem. Quanto mais ingredientes você colocar e quanto mais cores escolher, mais nutritivo será seu prato!

Os vegetais folhosos colaboram para que haja maior número de mastigações. Com isso, a sensação de saciedade chegará mais rapidamente e não haverá necessidade de ingerir grandes quantidades. Alimentos quentes também levam a uma saciedade precoce!

As frutas também costumam ser abandonadas no inverno, outro grande erro para quem quer se manter no cardápio equilibrado. Muitas delas podem ser mantidas fora da geladeira, evitando que fiquem ainda mais geladas.

Existe também a opção de utilizar as frutas em purês que podem ser feitos com açúcar light de forno, frutas assadas e picadinhas com canela, geleia caseira com açúcar light, nas farofas ou como acompanhamento de carnes. Já experimentou fazer um mingau com aveia e bater uma fruta depois de pronto?

Nesta estação, não podemos deixar as hortaliças e frutas de lado, pois há maior índice de resfriados e gripes. Eles podem ser evitados, sim, por uma alimentação rica em antioxidantes, que são encontrados largamente nesses alimentos, bem como nas frutas da época: morango, mexerica e caqui.

 
E o desejo pelo chocolate, como fica? É possível incluí-lo no cardápio na forma de cacau em pó, que é mais rico em antioxidantes e tem menor adição de açúcar e gordura em relação aos achocolatados. Porém, é importante alertar que essa versão também é calórica e deve ser consumida em quantidades corretas, conforme a prescrição do seu nutricionista.

Para finalizar, é nesta época do ano que nosso metabolismo está mais acelerado. Por isso, conseguimos perder mais peso aliando alimentação saudável à prática de atividade física.

Nosso corpo trabalha mais para manter nossa temperatura corporal adequada mesmo nas temperaturas mais baixas. Então, não abandone as frutas nem as hortaliças neste inverno! E não se esqueça de manter-se hidratado, pois estamos numa estação extremamente seca!

quarta-feira, 11 de julho de 2012

POR DENTRO DE UM CLÁSSICO: 12 HOMENS E UMA SENTENÇA

Ana Carolina Dias*

O filme 12 homens e uma sentença, de 1957, tem sua história passada quase totalmente em apenas um cenário. Os doze jurados ficam fechados em uma sala, na qual discutem e analisam novamente as provas sobre um caso de assassinato, em busca de um veredito justo. De acordo com a crítica publicada no site Cine Players, tal característica se deve às experiências anteriores do diretor Sidney Lumet com o teatro.

O conceito a ser trabalhado nessa produção cinematográfica é o de plano sequência. Conforme publicado no site Cine Rinha, “um plano sequência consiste em deixar a câmera ligada e a cena é captada sem cortes. Há os que a câmera fica parada e a cena se desenrola sem grandes movimentos, uma espécie de teatro filmado. Há também a sequência na qual a câmera fica no ombro do operador”.

Cunha, autor da crítica no site Cine Players, destaca que, para que o enredo não ficasse prejudicado pela forma de mostrar os acontecimentos (sempre em uma só locação), o diretor utilizou algumas estratégias. Primeiramente, a forma de apresentação do filme, sem narrador ou introdução, apenas mostrando imagens do tribunal com uma música de fundo, até chegar à sala específica.

O plano sequência terá a mesma função: evitar muitos cortes para não deixar o ambiente do filme cansativo ou monótono. Os personagens sempre estão em movimento, e a câmera os acompanha de forma a fazer com que o espectador sinta-se observando os acontecimentos. Para Cunha, “(…) o olhar é muito valorizado neste filme”.

O início da produção cinematográfica já é marcado por um plano sequência, quando os jurados são chamados à sala para decidirem o veredito. Enquanto todos os personagens entram, os créditos são mostrados e o plano sequência continua, mostrando praticamente cada um dos personagens. Dessa forma, o perfil de cada um é apresentado por meio de suas próprias ações e sua interação com os outros.

O uso desse artifício é recorrente nos momentos em que os jurados discutem e cada um expõe sua opinião. Um exemplo é a cena na qual o jurado 10 fala sobre as pessoas do subúrbio. Durante toda a sua argumentação, a câmera o acompanha e abre um plano geral para mostrar a movimentação dos outros jurados, que rejeitam o discurso preconceituoso. Sem usar fazer uso de palavras, as imagens, por meio do plano sequência, conseguem mostrar a reação de cada personagem.

O filme pode ser enquadrado no gênero de suspense, uma vez que, durante o decorrer da história, a dúvida entre o veredito de culpado ou inocente é trabalhada de forma a causar, no espectador, ansiedade por uma solução.

Os elementos necessários para uma conclusão do caso são colocados a cada sequência do filme, por meio do debate entre os personagens que acham o réu culpado e aqueles que defendem sua inocência. A surpresa da mudança dos votos a cada nova evidência que é revista pelos jurados é também um dado que pode ser usado para classificar o longa metragem como suspense.

(Imagem: Reprodução)

 A produção cinematográfica pode ser considerada como documento de uma época, pois mostra a classe média dos EUA na década de 1950. Todos do júri são homens comuns, que querem assistir a jogos de basquete, ou são treinadores de um time de futebol, ou ainda trabalhadores de comércio.

O filme aborda, então, os preconceitos da época, como quando alguns jurados decidem que o réu é culpado pelo simples fato de ser um rapaz do subúrbio. Ao mesmo tempo, um dos jurados também nascido em um desses locais se sente ofendido.

É mostrada também a relação de pais e filhos com ideais diferentes, por meio do último jurado a mudar seu voto para inocentar o réu, que tem conflitos com seu filho. A situação é abordada no começo, quando o jurado conta suas brigas com o filho, e no fim, quando ele decide inocentar o réu, pois percebe como estava sendo duro com o próprio filho.

Títulos e cartazes
O título 12 homens e uma sentença não é uma tradução literal do nome do filme em inglês (12 angry men). As duas formas expressam a ideia do longa metragem. Em português, porém, dá uma ideia mais geral, enquanto em inglês faz referência ao decorrer da história.

A forma caligráfica traz as letras em caixa alta, e o título está em destaque na capa do filme. O número 12 tem um realce maior e uma faca desenhada como se estivesse fincada no título, referência a um momento específico do filme em que é analisado um punhal, como prova que poderia acusar o réu. O objeto pode antecipar a expectativa em relação ao tema do longa metragem.

Em português, o nome é um resumo do argumento do filme, uma vez que está relacionado ao enredo, no qual doze membros de um júri devem decidir a sentença a ser aplicada a um réu. O título em inglês vai um pouco mais longe e refere-se às divergências e brigas constantes entre os jurados para tomar sua decisão, o que criou um estado de nervos na sala.

A tradução tornou mais direta a relação entre o título e a ideia principal do filme. Já o título original buscou uma análise do comportamento dos personagens para nomear a obra cinematográfica.

O destaque fundamental do cartaz é o ator principal, Henry Fonda, cujo nome aparece escrito em vermelho logo acima do título, que também se encontra destacado. O material promocional em questão traz ainda um desenho, na parte superior, dos personagens por meio dos quais a história se desenvolve.

(Imagem: Reprodução)

Além do ator principal, no canto inferior do cartaz são destacados os atores Lee J. Cobb, Ed Begley, E. G. Marshall e Jack Warden. Constam também os nomes do roteirista, Reginald Rose; do diretor, Sidney Lumet; e da produtora Orion-Nova. Henry Fonda e Reginald Rose participaram também da produção e têm seus nomes colocados novamente nessa parte do cartaz.

O punhal é um objeto importante, que faz alguns dos personagens mudarem seu veredito durante o filme, e também está presente no cartaz em plano detalhe. Há ainda outra ilustração, com Henry Fonda em primeiro plano e a cena final do filme ao fundo – dos doze homens reunidos na mesa, enquadrados em plongée.

A cor amarela foi usada em quase todo o cartaz, e os desenhos em azul. Não há como fazer uma conexão entre essas cores e os gêneros indicados por Y. Baticle.

Por fim, pode-se observar a presença de duas taglines. A primeira, com maior destaque, é: “Life is in their hands – death in on their minds!”. Há uma referência ao conflito existente durante toda a história, uma vez que os personagens podem decidir o futuro da vida do réu por meio de seu veredito e a maioria deles afirma que o rapaz é culpado e deve ser condenado à pena de morte.

Já a tagline escrita na esquerda do cartaz: “It explodes like 12 sticks of dynamite”, é uma referência semelhante à do título original. As divergências entre os jurados criam um clima tenso entre os doze homens, e, durante o filme, o espectador tem a impressão de que a qualquer momento um deles vai “explodir”.

Veja abaixo uma das cenas do filme.


Quem se interessar por assistir ao filme todo o encontra aqui.

 

*Mineira da capital, Ana Carolina Dias, de 25 anos, é jornalista pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH). Trabalha como editora de web na Rádio Itatiaia, além de ser produtora de conteúdo e editora de podcast do site de tokusatsu Senpuu. Mantém também, com seu noivo, o blog Bizarro e Pitoresca.